Vivendo em plena pandemia do Covid-19, um tema que tem recebido menos destaque (mas não menos importante), é sobre uma nova forma de viver: em confinamento, consumimos menos, gastamos menos recursos para transporte e com isso, temos um reflexo indireto: menos matéria-prima para produção de bens de consumo não essenciais e redução da poluição atmosférica. Logo, a natureza agradece!
E como nessa semana comemoramos o Dia Nacional da Educação Ambiental, o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia Nacional da Reciclagem e Dia da Ecologia, nada mais importante do que falar sobre esse tema.
E como será que fica nossos padrões alimentares em meio a esse tema?
Bom, então vamos discutir no nosso papo de nerd hoje, um artigo publicado na revista Advances in Nutrition em março desse ano. Trata-se de uma revisão sistemática, que revisou as evidências sobre os padrões alimentares dos EUA e os resultados de trabalhos acerca do tema sustentabilidade publicados de 2015 a 2019.
Após uma extensa análise, os autores identificam que os resultados do estudo colocam em cheque as descobertas anteriores de que dietas aderentes às diretrizes alimentares nacionais são mais sustentáveis do que as dietas atuais.
Mas porquê? Segundo os pesquisadores, os resultados indicaram que o padrão alimentar saudável referente ao estilo dos EUA recomendado pela Diretrizes alimentares para americanos pode levar a emissões de gases que causam efeito estufa, uso de energia e uso de água semelhantes ou aumentados com a atual dieta americana.
E isso é ainda reforçado com resultados de estudos prévios que sustentam a conclusão de que, entre os padrões alimentares saudáveis, aqueles que contem mais alimentos à base de plantas e que contem menores quantidades de alimentos à base de animais seriam benéficos para a sustentabilidade ambiental (o que já discutimos por aqui muitas outras vezes).
Nesse sentido, este é mais um estudo que adiciona um crescente corpo de evidências de que a orientação alimentar pode ser aproveitada para proporcionar uma melhor qualidade de vida e saúde através da nutrição, bem como através da preservação e regeneração a longo prazo dos recursos naturais e adaptação climática.
Por isso mesmo, mudanças na dieta implementadas ao lado de transições baseadas em evidências para práticas agrícolas mais sustentáveis e ecologicamente informadas, reduções de desperdício em toda a cadeia de suprimentos e redistribuição equitativa de energia e recursos também serão fundamentais para o cumprimento da sustentabilidade.
Mas, enquanto aguardamos posicionamentos e orientações no âmbito da saúde pública, cabe a cada um de nós repensarmos nossas práticas alimentares e de consumo, não é mesmo?!
Referências bibliográficas:
Reinhardt, S. L., Boehm, R., Blackstone, N. T., El-Abbadi, N. H., McNally Brandow, J. S., Taylor, S. F., & DeLonge, M. S. (2020). Systematic Review of Dietary Patterns and Sustainability in the United States. Advances in Nutrition. doi:10.1093/advances/nmaa026